A seguir uma produção textual contando a minha história sobre avaliação nas escolas, passei por várias situações curiosas de se avaliar um aluno, e para melhorar passei por escola pública e também particular, ou seja, vivi os dois lados da moeda, leiam mais para descobrirem o que aconteceu.
A avaliação da
aprendizagem é um termo que quando crianças ou até mesmo maiores não somos
muito familiarizados, pois basicamente este é um termo usado pelos professores
e portanto não é usual ao aluno. Porém é uma importante intervenção em relação
ao estudante, pois será a partir da avaliação da aprendizagem que várias
decisões são tomadas com relação a continuidade do ensino.
Neste texto irei abordar
minha vida escolar, mais precisamente o âmbito da avaliação, para que possa
através dele mostrar um pouco da realidade vivida nos ambientes educacionais
brasileiros. A princípio devemos saber que para haver uma boa avaliação da
aprendizagem, esta deve tentar buscar erros ou problemas para que os mesmos
sejam solucionados, utilizando de uma intervenção pedagógica.
Agora uma pergunta, será
que as escolas brasileiras estão de acordo com a definição dada para uma boa
avaliação? Bem, na minha opinião a maioria delas não estão, devido minhas
experiências como aluno, posso afirmar que nem mesmo algumas disciplinas na Universidade
escapam do método tradicional de avaliação, que visa apenas a classificação dos
estudantes.
Quando eu comecei a ir na
escola quando era bem pequeno não me recordo muito bem, mas lembro-me que a
avaliação não era feita por nota, realmente era visado a aprendizagem, me
recordo que na alfabetização não conseguia ler bem, e a professora viu que eu
não estava conseguindo melhorar, meus pais falaram com ela e a mesma pediu mais
três meses, e realmente ela conseguiu neste tempo, verificou onde estava havendo
minha dificuldade e a partir da modificação do seu estilo pedagógico conseguiu
o esperado, que era a minha aprendizagem da leitura.
No meu ensino fundamental
tudo mudou, agora tinha que estudar para que pudesse tirar boas notas, afim de
que no final do ano letivo eu conseguisse “passar” para outra série, a
princípio foi um pouco estranho, porém acabei me acostumando rápido e como
tinha uma grande auxilio dos meus pais, tive uma adaptação muito rápida, porém
hoje percebo que fui colocado contra a parede e vi que poderia ter aprendido
muito melhor se não houvesse aquela pressão em cima da notação nos finais dos
bimestres. Basicamente todo meu ensino fundamental foi “normal”, estudava para
tirar boas notas e só, até meus pais decidirem mudar a escola em que eu ia,
acho importante ressaltar isto, pois hoje percebo a mudança de escola também
interfere no aprendizado, pois apesar de terem o mesmo objetivo elas os tentam
atingir de maneiras diferentes, então um aluno habituado a um certo tipo de
ensino pode ter problemas ao migrar para outra escola, e essa foi minha
dificuldade também.
Na nova escola era outro
mundo, meus pais fizeram um sacrifício e me colocaram em uma escola particular
de grande porte, o choque de cultura foi muito alto, mesmo vindo de uma escola
particular era diferente, a escola que eu estudava era pequena, todos conheciam
todos e de repente me encontro entre vários alunos, uma grande quantidade de
pessoas, e infelizmente por ser uma criança tímida, tive várias dificuldades,
inclusive no modo de trato dos professores, eles não se importavam comigo,
simplesmente nem ligavam pra mim, eu era só mais um, lembro que havia métodos
engraçados de avaliação, um professor passava um atividade de repetição de
frase, onde eu tinha que copiar a mesma frase por várias vezes para que pudesse
“aprender”, mas na verdade eu estava decorando e não aprendendo.
Chegou o 8º ano, por
alguns motivos familiares, tive que ser colocado em uma escola municipal, mais
uma vez tive outro grande impacto escolar, o tipo de pessoas que conviviam
comigo eram totalmente diferente de mim, os professores também não se
importavam muito com você, porém, ao contrário da outra escola ele não se
importava nem mesmo em ensinar, tanto é que, por muitas vezes fiquei no pátio
da escola sem nada fazer, apenas papeando com os amigos, porque os professores
faltavam muito, havia uma professora que fumava em sala, com base nisso acho
que vocês já podem adivinhar como era o método avaliativo, um verdadeira
bagunça, havia professores que davam notas de “graça”, outros passavam um
trabalho qualquer e corrigiam de qualquer modo, e isso para nós era tido como
ótimo, a gente passava de ano sem nenhum problema, lembro que professores davam
uma nota 10 para aqueles alunos que participavam do desfile cívico, me lembro
quando o professor de educação física mandou fazer flexões de braço, a
quantidade de flexões que você fizesse seria a sua nota.
Naquela época eu achava
engraçado e ao mesmo tempo ótimo, pois passava nas matérias com facilidade,
porém não sabia que estava me enganando, na verdade tive uma formação precária,
onde não pude aprender requisitos e assuntos básicos de várias disciplinas e
isso me prejudicou muito nos anos que se passaram após isso, convivi com
professores desmotivados, que pareciam que estavam ali apenas para cumprir
horário, e que infelizmente não davam a mínima para a educação, não os culpo,
pois apenas faziam parte de um sistema educacional onde eles eram apenas
“soldados”.
Terminei o ensino
fundamental, como a escola não possuía ensino médio e como eu pensava em algo
maior pra mim, pedi aos meus pais para me colocarem em uma escola particular
novamente, e assim eles fizeram, foi nesta escola que me identifiquei e que
guardo com certo carinho até hoje, lá era um misto de ensino de qualidade e de
professores qualificados e que se interessavam por seu aprendizado, mesmo que
fossem voltados para a sua classificação para a vida universitária, no início
sofri bastante com a minha falta de base devido a precária formação no ensino
fundamental, porém com ajuda dos professores e minha dedicação consegui me
equiparar com os assuntos abordados, basicamente nesta escola o ensino médio
era totalmente voltado para a prova do vestibular, havia mini testes para avaliação
do aprendizado, porém a prova bimestral visava se assemelhar a prova do
vestibular.
Para se ter uma ideia, a
prova era totalmente objetiva, com questões que possuíam opções de marcar de A
até E, a forma de marca-la também era de preenchimento de esferas, assim como
no antigo PSS e atual ENEM, todas as disciplinas em um mesmo dia, e com duração
de quatro horas. A verdade é que mesmo assim não favorecia o ensino, porém
preparava você para a realidade da vida, que é uma constante classificação,
querendo nós ou não. E infelizmente hoje, a maioria dos alunos do ensino médio
buscam passar no exame do vestibular, para que possam entrar na universidade e
melhorar suas chances no mercado de trabalho.
Atualmente sou
universitário e mais uma vez tive que me reinventar, descobri que na verdade
não sabia estudar e foi preciso aprender o real modo de se aprender, pois senão
não estaria onde estou, praticamente no fim da graduação, fico feliz por mim,
pois sei que minha perseverança me trouxe até aqui, fico triste pois conheço um
pouco da realidade da educação brasileira e sei que ela não vem sendo feita da
melhor maneira, penso nos adolescentes que acabam desistindo de estudar por não
terem tido a oportunidade de aproveitar de um bom ensino, espero que essa
situação mude e que as escolas estaduais e municipais se tornem modelos de
ensino e aprendizagem para as escolas particulares, e não o contrário.
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