segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

De examinar para avaliar, um transito difícil, mas necessário.

Neste texto aborda-se a dificuldade encontrada para a mudança de pedagogia dos professores, que desde sua formação foram instruídos para uma filosofia do exame, buscando classificar o aluno, porém a real avaliação trata-se de diagnostico, encontrar e sanar lacunas na aprendizagem do aluno e não apenas atribuir uma nota. Leia mais sobre este tema importante a seguir.
A avaliação da aprendizagem passou por muitas mudanças durante o processo da escolarização do país, e basicamente essa mudança afetou a grande maioria dos alunos, esse novo conceito ficou conhecido como pedagogia do exame e visava apenas o objeto, ou seja, não se havia um processo de aprendizagem, se o aluno por ventura tirar uma nota ruim, esta seria gravada e mais nada acontece, ou seja, os erros que este cometeu não estão sendo cuidados, os professores apenas deixam pra lá e logo a formação daquele estudante fica incompleta. Foi visto que essa pedagogia não é a correta de ser utilizada já que é excludente e “antissocial”, então seria necessário haver uma reforma neste modelo, porém não é tão fácil quanto parece, pois existem várias razões para que este método permaneça como está por tanto tempo.

Pode-se observar com a leitura do texto que para haver novos resultados tem que prioritariamente ter mudanças, pois não há possibilidade de renovar algo se o seu processo de construção permanecer igual, isso acontece em diversas áreas, inclusive no ensino, como pode-se construir um intelecto de uma pessoa, se o próprio professor o destroça antes mesmo da construção, utilizando de métodos como a ameaça e o amedrontamento, ou seja, é necessário mudar a concepção de professor, mudar inclusive por muitas vezes culturas que foram inseridas por outras pessoas e que simplesmente acabam surgindo por estarem enraizadas na sua mente.
Basicamente vê-se que o autor nos fala sobre três pontos ou temas principais que acabam dificultando a mudança de hábito no ensino, o primeiro ponto é a história da educação em si, que inseriram padrões de compreensão e conduta que acabam aprisionando o professor, no final da Idade Média houve uma urgência na inserção do modernismo, o qual pregava o disciplinamento através da criação de micropoderes, que são recursos silenciosos e maquiados que tentam controlar um grupo especificas de pessoas que operam na sociedade.
A escola foi dita como uma destas instituições e o exame como um destes processos, que visam manipular o aluno desde o século XVI, usando de artifícios como ameaças e castigos, os quais visavam pressioná-los para que aprendessem sendo estimulados por conduta disciplinar, onde não estudavam para adquirir o conhecimento e sim porque eram “obrigados”. Logo para mudar esse conceito histórico é muito difícil, se algo perdura a cinco séculos com certeza não será do dia para a noite que será removido, então o autor propõe não uma mudança e sim uma revisão de conceitos, e vagarosamente ir mudando os lemas antigos, superando o passado e incorporando essa nova visão.
A segunda razão é a questão do modelo social em que vivemos a tanto tempo, que é o capitalismo e que transforma a sociedade em uma grande cadeia de exclusão. Então o modelo usado nas escolas, que são os exames, está de acordo com o modelo social vigente, pois ambos excluem as pessoas, quantificando-as e transformando em meros objetos, em que apenas os que satisfazem as exigências do capital é que são favorecidos. Qual a dificuldade encontrada neste ponto, simplesmente os professores que agem visando um processo de aprendizagem avaliativo acabam indo contra a grande maioria, pois estão tentando causar a inclusão, então percebe-se que a diferença de caminhos torna-se cansativa, pois ir contra um modelo vigente a tantos anos requer muita perseverança e força de vontade, pois o que mais acontecerá são repulsas ao seu modo de ensino, já que este não favorece o capitalismo.
A terceira e última razão é simples, a experiência de vida de cada um dos professores, se estes estão sendo formados por professores que exercem a pedagogia do exame, logo irão se tornar mesmo que inconscientemente mestres que usam o mesmo método. As experiências traumáticas passadas quando os mesmos estudavam não são esquecidas, e estas acabam retornando de forma automática, e acabam por reger as condutas deles. Então a dificuldade será a de se policiar e mudar a você mesmo, tentando converter-se a um novo modelo de ensino. Conclui-se que a mudança de modelo pedagógico é muito mais complicado do que se esperava, e que diversos fatores influenciam nessa transformação, então isto, deve ser feito gradativamente, mudando conceito aos poucos e tentando inseri-los em outras pessoas, até que estas se tornem a maioria.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


LUCKESI, Cipriano Carlos. De examinar para avaliar, um trânsito difícil, mas necessário. In: LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. 22. Ed. São Paulo: Cortez, 2011, p.67-72.

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