terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Ser professora: avaliar e ser avaliada

Neste fichamento comentado podemos observar vários âmbitos da real avaliação, quais os problemas que passamos com a pedagogia tradicional e que melhorias poderemos ter com a implantação de uma nova pedagogia, também podemos observar quais são os papéis de alunos e professores em ambas pedagogias.
  



Fichamento do Texto
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“Avaliar, como tarefa docente, mobiliza corações e mentes, afeto e razão, desejos e possibilidades. É uma tarefa que dá identidade à professora, normatiza sua ação, define etapas e procedimentos escolares, media relações, determina continuidades e rupturas, orienta a prática pedagógica.” (p.14)

   Podemos observar que a avaliação não é simples, ela engloba vários fatores que devem ser levados em consideração, até porque as abordagens de avaliação do professor levarão ao desenvolvimento ou não do aprendizado do aluno como um todo.
“A avaliação classificatória configura-se com as idéias de mérito, julgamento, punição e recompensa, exigindo o distanciamento entre os sujeitos que se entrelaçam nas práticas cotidianas.” (p.15)

Este tipo de abordagem leva o aluno a ser classificado de acordo com seu esforço, então por isso entra o mérito que de acordo com o julgamento do professor este poderá ser recompensado ou punido, é o tipo de abordagem mais comum vista nas escolas.

“[...] a avaliação quantitativa expressa, no âmbito escolar, a epistemologia positivista que conduz uma metodologia em que a manipulação dos dados tem prioridade sobre a compreensão dos processos.” (p.16)

A abordagem de avaliação quantitativa leva em conta apenas os dados e as respostas que os professores querem encontrar, ou seja, não levam em conta todo um contexto social ou por qual processo aquele aluno chegou até enfim gerar tal resposta.

“[...] Entre a professora e seus alunos e alunas interpõem-se instrumentos e procedimentos [...] Tais instrumentos têm como função isolar a subjetividade que constitui a dinâmica escolar e dar visibilidade a resultados quantitativos que exponham o rendimento de cada estudante. [...]” (p.17)

Existem vários tipos de procedimentos para se fazer uma avaliação, no modelo tradicional ou positivista geralmente são feitos testes, provas, exercícios, fichas e entre outros, os quais já possuem uma resposta pré-estabelecida e que pune o aluno se as respostas dadas por eles fugirem até mesmo pouco da abordagem do professor.

“A pratica da avaliação, que pretende medir o conhecimento para classificar os(as) estudantes, apresenta-se como uma dinâmica que isola os sujeitos, dificulta o diálogo, reduz os espaços de solidariedade e de cooperação e estimula a competição.” (p.17/18)

Existem alguns tipos de avaliação que apenas fazem com que os principais integrantes da escola sejam aos poucos afastados uns dos outros, criando barreiras para o crescimento intelectual tanto do aluno quanto da escola, tendo até mesmo situações ruins entre uns e outros.
“A avaliação, assim considerada, não se refere à aprendizagem e ao ensino como processos interativos e intersubjetivos, mas sim ao rendimento como resultado verificável (Barriga, 2001), que pode ser medido, nomeado, classificado e hierarquizado.” (p.18)
Logo basicamente a avaliação entre outras coisas tenta manipular os alunos para que estes sejam classificados por nota, que muitas vezes são dadas injustamente, pois existem outros fatores além da nota que deveriam ser levadas em consideração.
“A avaliação remete a uma ação da professora sobre os alunos e alunas, muitas vezes vista como uma relação de poder. Esse procedimento também evoca uma avaliação, às vezes indireta, da própria professora.” (p.20)

O que basicamente vemos aqui é que o professor tenta impor seu poder utilizando da avaliação para mostra-los aos alunos, pode acontecer de o educador insatisfeito com sua turma puni-los com uma prova dificílima apenas pelo prazer de ver os alunos se darem mal.

“[...] essa avaliação permite verificar o rendimento da professora; o resultado de sua turma indica seu desempenho, que pode ser medido, produzindo uma classificação na qual a professora é exposta. Ao avaliar também é avaliada.” (p.20/21)

Porém na maioria das vezes o rendimento do professor é testado pelo número de aprovações ou pelo andamento dos alunos da sua classe, e do mesmo jeito que podem punir também podem abrandar suas provas apenas por fazer com que todos tirem notas boas. Dificultando a vida do aluno futuramente e indiretamente.

“[...] o processo escolar de avaliação se tece. Teia que liga estudantes, professoras, famílias, procedimentos didáticos, organização pedagógica, relações pessoais, relações institucionais, afetos, projetos, contexto social, saberes, não-saberes e tantos outros elementos quantos possam estar relacionados.” (p.22)

Pode-se observar e verificar que o processo de avaliação não está ligado a apenas provas objetivas, mas se entende que para uma boa análise é feita a partir de um conjunto de elementos, logo deve-se considerar vários fatores internos e também externos.
“No cotidiano escolar, avaliando e sendo avaliada, a professora vai aprendendo duas lições contraditórias: é preciso classificar para ensinar; e classificar não ajuda a ensinar melhor, tampouco a aprender mais – classificar produz exclusão e para ensinar é indispensável incluir.” (p.23)
Como dito no texto o método de classificação acaba por excluir os alunos menos favorecidos, dificultando a vida deles no âmbito escolar e também pessoal, pois basicamente aqueles que vão mal a escola tem uma maior probabilidade de escolherem caminhos “perigosos”.




“[...] junto as práticas classificatórias, objetivas, que medem a aprendizagem e o ensino, a professora vai usando conhecimentos adquiridos no fazer, no conto com o outro [...] Deste modo – no olho -, a professora também vai avaliando seu aluno [...]” (p.23)

Então é necessário surgir uma nova forma de avaliação, e então chegamos a uma forma chamada qualitativa, onde a princípio o próprio professor começa a avalia-los não apenas por nota, mas busca conhece-lo melhor, procurando verificar os seus pontos fracos e fortes para desenvolver os fortes e sanar os fracos, e só então avalia-los de forma mais estudada.
“As situações vividas no cotidiano da sala de aula mostram a necessidade de criação de procedimentos que conduzam a avaliação por outros caminhos ao indicarem a insuficiência de uma avaliação que pretende realizar uma verificação objetiva e produzir uma medida neutra.” (p.24)

Por isso existe um consenso que fatores externos podem influenciar sim no modo em que o aluno aprende, por isso métodos de avaliação devem ser melhorados e estudados para que não haja nenhum favorecimento na sala de aula.
“Entendo que a avaliação qualitativa configura-se como um modelo de transição por ter como centralidade a compreensão dos processos, dos sujeitos e da aprendizagem, o que produz uma ruptura com a primazia do resultado característico do processo quantitativo.” (p.26)

Basicamente troca-se o aluno que se conforma apenas com dado pelo professor, por uma aluno que participa, que cria e compartilha suas ideias, um aluno que se envolve em questões extra curriculares, um aluno que busca o conhecimento por si só. Logo para este tipo de aluno uma avaliação quantitativa poderá encurralá-lo num ambiente sufocante.

“A re-significação do exame é acompanhada pela troca das notas por conceitos, sem dúvida faixas mais amplas que permitem incorporar à avaliação informações adicionais e relevantes sobre o processo de aprendizagem de cada um [...]” (p.27)

Então quando for necessário fazer uma prova o professor deve levar em conta os aspectos da respostas, tentar fazer com que as perguntas sejam subjetivas, buscando adquirir respostas mais concisas dos alunos, respostas que o levem a pensar e conectar com o assunto abordado em sala.

“A avaliação, no processo de superação dessa concepção, inscreve-se no conjunto de práticas escolares e sociais que enfatiza a produção do conhecimento como processo realizado por seres humanos em interação, que, ao conhecer, se conhecem; ao produzir o mundo no qual vivem, se produzem; [...]” (p.31)

Todavia o aluno irá adquirir o conhecimento através de seus próprios questionamentos, a partir de interações e debates, irá adquirir um consciência mais apurada, ao invés de simplesmente responder as questões de forma objetiva e sem argumentação do mesmo. Eles se auto criam e desenvolvem a medida que vão aprendendo a aprender.

“Para avaliar, é preciso produzir instrumentos e procedimentos que nos ajudem a dar voz e visibilidade ao que é silenciado e apagado. Com muito cuidado, porque a intenção não é melhor controlar e classificar, mas sim melhor compreender e interagir.” (p.33)

Como visto no texto a melhor forma de avaliar contém um característica de fazer com que o estudante interaja com os alunos ou integrantes da sala, para que ele possa se formar como pessoa, para que se insira naquele ambiente da melhor forma possível, para que ele se sinta parte do conhecimento como um todo.

“A avaliação pretende promover uma reflexão que participe da experiência de ensinar com e de aprender com, tecida coletivamente na sala de aula, na sala de professores, no pátio, no refeitório, no banheiro, [...] nos tantos outros lugares por onde transitam os sujeitos que se encontram na escola para realizarem juntos um trabalho que visa à ampliação permanente dos conhecimentos.” (p.35)

Portanto a avaliação deve ser feita de uma maneira neutra e que seja feita a partir de um conjunto de características e fatores, desde dificuldades de aprendizagem até situação social do indivíduo ou aluno. Afim de minimizar a classificação dos alunos e deterioração do ensino e da aprendizagem. A forma de avaliar deve ser feita a partir de uma diálogo continuo entre professor e alunos, a interação entre estes e ainda com todos os integrantes do ambiente escolar deve ser essencial.





REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ESTEBAN, Maria Teresa. Ser professora: avaliar e ser avaliada. In: ESTEBAN, Maria Teresa (org.). Escola, currículo e avaliação. 2.ed. São Paulo, Cortez, 2005, p.13-37.

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